Hoje, 16, começam as campanhas eleitorais rumo ao grande dia 6 de outubro, dia em que 156.400.000 brasileiros e brasileiras aptos a votarem escolherão seus prefeitos e vereadores, ou seja aqueles que haverão de administrar os 5.568 municípios do território nacional.
Para este ano de 2024, a Justiça Eleitoral aponta 13.997 pedidos de registro de candidaturas para prefeito (e outro tanto de vice-prefeito), e algo em torno de 379.320 solicitações de registro para vereador. Bastante gente, não é mesmo? E, convenhamos, a grande maioria destes postulantes para este cargo público temporário são movidos pela vaidade, pela ganância, pela sede de poder, e pela vontade de ter oportunidade para se usurpar da coisa pública.
Infelizmente a notícia que corre com mais frequência aqui e ali, de norte a sul, de leste a oeste é a de que são raros – diria raríssimos – os casos de pretendentes à prefeitura ou à vereança que sejam homens ou mulheres revestidos do mais alto espírito público, do altruísmo, da vontade de ajudar sua comunidade – e não de se locupletar!
Mas, isto é a democracia: todos são iguais perante a lei e todos, desde que obedecidos alguns requisitos, estão aptos a se candidatarem (Infelizmente, ainda não se descobriu um mecanismo eficaz que seja capaz de prever as intenções dos pretendentes…).
Toda vez que chegamos a este momento eleitoral, é inevitável não pensar na urgência da promoção de uma reforma eleitoral no Brasil. Por quê? Para quê? São várias as razões, mas, a meu modesto ver, uma das principais seria a rediscussão do sistema de proporcionalidade nas eleições e o tal do quociente eleitoral, tão decantado por uns, porém odiados por tantos. Há outras questões igualmente importantes como pontos que envolvem financiamento público e particular de campanhas, mas o quociente eleitoral realmente machuca muita gente.
Para você, meu querido leitor, ter uma ideia, dos 513 deputados federais hoje com assento na Câmara dos Deputados, apenas – pasmem! – 27 se elegeram com seus próprios votos, ou seja, tiveram cada de per si, votos suficientes para se elegerem, sem depender dos votos dados aos demais candidatos. Os demais 486 contaram com o consentimento da proporcionalidade que, em resumo, representa a soma total dos votos dados a todos os candidatos divididos pelo número de vagas a preencher, determinando assim o quociente eleitoral.
Desse disparate legal resulta a injustiça de vermos um deputado tendo uma votação expressiva puxando um candidato com bem menos expressão que muita gente boa.
A título de exemplo, cito as últimas eleições de 2022 em Minas Gerais. O campeão de votos, o sempre combativo e orgulho da nação mineira Níkolas Ferreira de Oliveira (PL), com seus 1.492.047 votos, acabou por puxar para o Congresso Nacional o deputado Marcelo Henrique Teixeira Dias (PL), este obtendo apenas 31.025 votos.
O disparate? Ei-lo: Fábio Augusto Ramalho dos Santos (MDB) auferiu mais que o dobro dos votos (77.604 no total), mas não se elegeu. E, com ele, outros 27 candidatos a deputados tiveram bem mais votos que o último colocado entre os eleitos, mas não conseguiram se eleger.
O que aconteceu no plano federal também acontece sempre no plano municipal. Candidatos a vereadores são bem votados (bem escolhidos pelo povo, portanto), mas não conseguem se eleger, porque este ou aquele partido acaba conseguindo lançar mão de um nome popular para amealhar muitos votos e, com isso, puxar para a câmara, quem menos voto teve.
O ideal seria mesmo que a vontade popular prevalecesse sempre! Se, para Prados, temos nove vagas na Câmara, que se elejam os nove primeiros colocados na votação. Se, para Peruíbe, temos 15 vagas na Câmara, que igualmente sejam eleitos os 15 que mais votos obtiveram nas urnas!
Mas, enquanto a reforma não vem, eis aí perante nós as campanhas. Serão 52 dias de corrida eleitoral.
Que os candidatos todos atentem para as regras impostas pela Justiça Eleitoral, mas, sobretudo, que primam pela convivência pacífica entre os contrários, lembrando sempre que a contrariedade político-eleitoral tem prazo para começar (hoje, 16), e tem prazo para terminar (7 de outubro, assim que apuradas as urnas). Tudo o que antecede a isso, tudo o que pós cede a isso são as amizades, a boa e feliz convivência entre amigos e amigas.
Pensemos na política como um campeonato de futebol. É lícito que cada qual escolha seu time para torcer, e que sofra, e que chore, e que torça com avidez por seu time do coração, e que, perdendo ou ganhando, continue acreditando que, se a vitória não veio hoje, poderá vir amanhã, com certeza! O importante é torcer e acreditar! Mas, passado o campeonato, eis os diversos sentados à mesa, uns comemorando a vitória, outros amargando a derrota, mas todos juntos, porque a vida continua.
Em Cristo todos somos irmãos, filhos do mesmo Deus! E nunca deveremos deixar de sê-lo. Seja no esporte ou na política.
Abençoados sejam todos os candidatos! Feliz campanha! E muito boa sorte. E lembrem-se: com Deus à frente, somos muito mais fortes!