O que escrevi, perdi.

Estou retomando este meu trabalho (trabalho, sim! Por que não?) depois de longos meses de inatividade, tempo em quê me vi na contingência de “esquecer” pelo menos 12 anos dedicados a este blogue.

Não me sinto à vontade de declarar que “fui só mais uma vítima das circunstâncias impostas pela pandemia”, até porque, a bem da verdade, o blogue saiu do ar sim por questões de ordem financeira e orçamentária, cujo valor de manutenção mensal no provedor de hospedagem – pasmem! – não era mais que R$ 150,00… Porém, a pandemia não foi fator preponderante a que eu me visse obrigado a congelar o blogue. Antes, porém, contudo – e isso também coincidiu com o início da pandemia –, aquele que assumira o compromisso de palavra de continuar me ajudando na manutenção deste meu trabalho, e no complemento de minha parca renda mensal, usou a pandemia como desculpa para cessar intempestivamente, sem qualquer aviso prévio, o envio do valor que até então vinha me enviando, ainda que a trancos e barrancos!

Quando este transe se deu, previ que o restou acontecendo.

Naquela oportunidade houve gente graúda da administração municipal que chegou a me confessar não entender o porquê do rompimento unilateral, até porque o valor acertado não era nada para o padrão de ganho de um chefe do executivo em Peruíbe que, além do ganho propriamente dito, tinha a seu dispor verba extraordinária no gabinete, sem contar sua atividade extra política em seu escritório como profissional liberal.

Ora, claro que eu sabia que isto estava dentro do campo da previsibilidade! Por isto, aquele comunicado de rompimento não me causou espanto maior que o de saber que, a partir de então, eu teria que apertar um pouco mais o cinto! Num primeiro momento, contei com empréstimo amigo pelo menos até que me recompusesse. Refeito do baque de ter diminuído minhas entradas pela metade, segui a vida. Mas tive que cortar despesas. Dentre estas, a da manutenção do blogue que, então, deixaria de ter sentido senão para aquilo que era a minha parte do trato: a divulgação dos atos e feitos da administração.

Esta coisa de não ser reconhecido em meu modesto trabalho – e, por via de consequência, no dom de escrever que carrego comigo desde o berço, e até de ser perseguido por ser o que tenho sido, por ser o que sempre fui, já não me é estranha. Em meio século de lide político-jornalística em Peruíbe posso contar nos dedos de uma das mãos aqueles a quem devo gratidão perenal.

Certa feita um amigo muito achegado, preocupado com minha situação de quase penúria, perguntou a um conhecido político do município o porquê de nunca terem me dado uma oportunidade que ensejasse melhor reconhecimento pelo que eu represento para a história e para a política de Peruíbe, ao que este foi suscinto: “Nós não podemos confiar nele!”. E ele estava certo! Tendo a criação que tive, honrando a memória do senhor meu pai, e da senhora minha mãe que ainda se faz presente entre nós, não adiantava mesmo me chamar para ajudar a fazer na vida pública o que se faz na privada, que é muito certo que não faria. Mesmo!

Ora, poderão dizer os nobres causídicos de Peruíbe, muitos dos quais vi crescer, e outros que até carreguei no colo, que o aqui agora pontifico não é mais que jus sperneandi. Lamúrias. Pois que seja. Deem-me ao menos este direito de “espernear”. Mas não tirem de mim o também direito de me indignar quando alguém me falta com a palavra empenhada.

Evidente que não havia obrigatoriedade na continuidade do cumprimento daquilo que fora acordado, olho no olho, ou, como dizia o extinto avô de minha falecida esposa, “bocalmente”. Mas havia sim a demonstração da honra de cumprir o solicitado por mim e o prometido pela parte interessada em meu trabalho e que, porque interessada, me havia contratado. E não era muito além do pedido de que, em caso de não mais precisar de meu trabalho, me desse um aviso-prévio de um ou dois meses para que eu pudesse me preparar para enfrentar a nova situação. E isso não só não aconteceu, como até mesmo o mês vencido à época não foi honrado. Lamentável!

Disso, desse transe, desse trauma, o que restou foi que agora, quando chegamos novamente a período eleitoral em que sou assediado por este e aquele, de todos os matizes e espectros, em que ousei aproveitar para reativar meu trabalho, deparo-me com a triste notícia de que o meu provedor de hospedagem não conseguiu segurar meus arquivos por tanto tempo de inatividade. Parte de minhas memórias, parte da história de Peruíbe, foi tudo para o limbo! Por conseguinte, o que escrevi, perdi! Parece pouca coisa, mas se foram mais de 12.000 posts entre notícias, poesias de minha lavra e por ai vai…

Quem me conhece sabe que nunca fui daqueles que comem mortadela, mas arrotam caviar. E dou graças a Deus por ter sido acolhido numa cidade bucólica, pacata, simples e barata aqui nas Minas Gerais. Consigo seguir com dignidade meu caminho adiante com exatos salário-mínimo que minha querida esposa me deixou por pensão. Mas não iria conseguir reativar meu blogue, não fosse pelo socorro que me chega por parte de uma querida amiga e seu distinto esposo, e por parte de uma pessoa de atitude que – tenho absoluta convicção – representa a grande esperança que o povo de Peruíbe deve ter para o futuro. Afinal, como se sabe, atitude muda tudo!

No mais, é isso. Eu que acompanho política em Peruíbe desde 1976, posso dizer que, hoje com quase 67 anos de idade, tenho aprendido, dia após dia, mandato após mandato, que a decepção – que não é só minha, mas também de todo o povo de Peruíbe – se renova sempre, e vem provando desde então que os políticos são todos iguais, ou, como dizia o saudoso Luiz de Paula: “Se colocar num saco todos eles, só aparecem as unhas!”.

Cai? Cai! Mas me levantei. Estou recomeçando. Como tributo e louvor à minha própria história, vou fazer permanecer no cabeçalho a data da fundação deste modesto trabalho: 13 de setembro de 2010!

Que o bom Deus permaneça conosco. Hoje e sempre! E que Ele dê tempo e ofereça oportunidade a que os maus se desviem de seus maus caminhos. Amém!

Washington Luiz de Paula

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