Claudete Andreotti, do “Boca de Rua”, e seu falecimento intempestivo

Faleceu agora pela manhã deste domingo, 22, aquela que talvez tenha sido a mais famosa e mais polêmica “jornalista” de todos os tempos em Peruíbe: Claudete Andreotti, fundadora e mantenedora do site “Boca de Rua”.

Daqui dos prados mineiros ainda não tenho notícia da causa de sua morte, porém o que sei é que ela chegou a me relatar semanas atrás que estava se sentindo muito mal, e que estava com muito medo de morrer. Mas, por ser discreta no que tange à sua vida pessoal, como bem lembrou Cristen Charles em seu Facebook, preferiu se recolher para dentro de si mesmo até que, de modo intempestivo, como intempestiva ela sempre foi, se nos chegasse a notícia de seu passamento.

Não! Me recuso a me juntar aos hipócritas que bem que gostariam de estar soltando fogos agora, mas que estão enchendo os comentários das postagens que noticiam sua morte para tecer loas as mais diversas, como se ela tivesse sido uma santa! É bem verdade que ela foi uma obstinada defensora das virtudes que cada vez mais se escasseiam dentre os mandatários municipais e demais políticos que orbitam ao redor daqueles que continuam fazendo, e têm gosto em fazer na vida pública aquilo que fazem na privada. Neste diapasão tive oportunidade de declarar a ela – e de escrever em um de meus editoriais – que ela era para o jornalismo político a continuidade de mim mesmo, ou daquilo que eu outrora fui e que acabei deixando de ser, vencido que fui pelo cansaço de ser processado, condenado e preso por conta de minha teimosa lide sem que nunca visse prosperar no seio da política peruibense um mínimo de dignidade que fosse, sem que tenha havido, ou que havido tivesse tido um só político que se encontre ileso!

Claudete Andreotti, com todo respeito, foi a reencarnação do Washington Luiz de Paula dos tempos Sodré-Popescu/Popescu-Sodré, tendo no também falecido Bráulio (da ACIMA) aquele que lhe preparou os caminhos para a sina que, de modo direto ou indireto, a acabou matando.

Para gáudio de tantos, Claudete Andreotti se foi. Perguntariam agora os mais pobres e oprimidos: Quem nos salvará? Quem nos defenderá? É deveras difícil imaginar aparecer no cenário jornalístico de Peruíbe quem tenha a mesma coragem e disponibilidade (até financeira, por que não?) para suportar a pressão daqueles que detêm o poder para fazer tudo o que querem, como se tudo pudessem fazer enquanto homens e mulheres se arvorando, pretendendo ser “do povo”.

Pois é. A Claudete que até semanas atrás era a pedra no sapato de tanta gente, agora virou santa. Não é o que parece nos comentários que se seguem após as postagens noticiando sua morte? Quanta hipocrisia! Deveriam se envergonhar cada um dos que pelejaram contra ela nos corredores da delegacia e do fórum, seja a processando ou se defendendo das suas acusações sempre bem documentadas e cheias de provas, e que agora choram lágrimas de crocodilo, posto que, no íntimo, comemoram.

Eu mesmo, que cheguei a ser processada por ela também, não obstante termos continuado amigos, mas que nunca pleiteei o mal contra ela – e contra quem quer que seja –, não posso dizer mais do que aquilo a que a minha natureza me impulsiona a escrever, que é o de declarar que é uma pena que tenha partido de modo tão intempestivo como se foi.

Por derradeiro declaro a importância desse registro posto ter Claudete Andreotti, a seu tempo, feito parte da história de Peruíbe. E o povo de Peruíbe, que não tem memória e nunca teve coração, não demorará muito a esquecê-la como esquecidos restaram muitos dos jornalistas que teimaram em fincar pé nesta terra, e que já se foram também.

A bênção, Claudete Andreotti! A bênção, Eduardo Bastos! A bênção, Manoel Mota Neto! A bênção, Eládio Elói Pessoa de Barros! A bênção, Milton Beccaro! A bênção, Otto Diringer! A bênção, Paulo Bruno! A bênção, Luiz Mário Zanata! A bênção, Carlos Berman! A bênção, Félix Pinheiro Rodrigues! A bênção, José Bruno Filho, nosso primeiro jornalista! A bênção, todos os demais que passaram por Peruíbe e que hoje estão reunidos num plano superior para, entre uma vodca e outra, e sobre o comando de Frei Hilário das Lamentações, lamentar pelo triste destino de Peruíbe de nunca jamais vir a tomar prumo!

Washington Luiz de Paula

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